quinta-feira, 12 de julho de 2012

Bill Hicks e o DIREEEITO a camisas

Gostaria de agradecer a todos os esquerdistas que tenho no meu facebook. Eles são uma fonte, ao que parece, inesgotável de material.

A pérola de hoje é esta imagem:

Money and power are very connected. The more people learn, the more obvious it gets. Money is used as a means of control.
"É tudo uma questão de dinheiro, não liberdade, certo?
Nada a ver com liberdade. Se você pensa que é livre, tente ir a algum lugar sem dinheiro, ok? Dinheiro e poder são muito conectados. Quanto mais as pessoas aprendem, mais óbvio se torna. Dinheiro é usado como meio de controle."
"Dinheiro é usado como meio de controle". Não, idiota, dinheiro é usado como meio de conseguir coisas de que você precisa dando-o ao dono dessas coisas em vez de tomá-las dele e não lhe dar nada em troca. É exatamente o OPOSTO de controle: é conseguir o que se quer não através da força, mas ao oferecer algo que seja útil à outra parte pra ter o que é útil a você.

Na cabeça do cidadão, liberdade é quando ele pode ir aos lugares e obter coisas das pessoas sem ter que lhes dar nada em troca. É claro que colocando nestes termos fica fácil para todo mundo entender que o sujeito é completamente CONTRÁRIO à liberdade, então ele demoniza algo mais abstrato como "o dinheiro", que não vai estar aqui pra se defender. Mas o que é o dinheiro? Simplesmente algo que usamos pra fazer trocas livremente. Ao contrário do que vivem dizendo, dinheiro não é o mais importante na nossa sociedade. Por que você ou qualquer um iria querer um papel pintado se ele não servisse pra você trocá-lo por nada? Dinheiro é só um SUBSTITUTO para facilitar trocas, o importante continuam sendo, como sempre foram, os BENS pelos quais trocamos o dinheiro, são estes bens e sua capacidade de satisfazer nossas necessidades que buscamos.

Talvez fosse melhor um sistema de caridade uni-lateral? (sim, uni-lateral, pois se ele tiver que dar alguma coisa também, então continuam sendo feitas trocas, só que ao invés de dinheiro as pessoas trocam bens diretamente — e pela lógica esquerdista, o sujeito continuaria usando tais bens como "meio de controle" e opressão). 

É claro que liberdade não tem nada a ver com isso. Somos livres quando podemos viver conforme nossas próprias escolhas. Fazer negociações em que trocamos produtos por valores conforme seja mutuamente benéfico é um exemplo de liberdade, fazer caridade caso julguemos conveniente é outro. Abdicarmos do dinheiro e darmos ao Bill Hicks tudo que ELE quiser não é. É só uma tentativa de Defesa Moral do Parasitismo.

Esse tipo de vexame esquerdista ocorre porque a crença da esquerda é fundamentalmente contra o Princípio da Produtividade, que relata algo bastante complexo e pouco intuitivo: as coisas de que precisamos para viver não caem do céu prontas para nós, se alguém quer ter alguma coisa, ele precisa PRODUZI-LA através de seu esforço e inteligência.

Digamos que você queira usar camisas. Aguarda alguns dias e, infelizmente, não cai nenhuma do céu. Daí você resolve, quem sabe, produzi-las. Você investe algum dinheiro comprando máquinas, contrata uma costureira, entra em contato com fornecedores de tecido, de botões, enfim mobiliza pessoas e recursos a fim de produzir a bendita camisa. E consegue! Na verdade, a camisa ficou tão boa que outras pessoas começam a te parar na rua e perguntar onde você conseguiu tal camisa e falam sobre como gostariam de ter uma também. Ao que parece, quem diria, camisas não caem do céu para essas pessoas também... Então você empenha o seu tempo e esforço nisso, decide comprar mais matéria-prima e pagar mais algum dinheiro à costureira para que ela possa produzir mais camisas a essas pessoas e, naturalmente, corre o risco de tudo isso não dar certo e amargar um prejuízo. Só que os negócios vão bem: você não precisa mais produzir a comida que come, pois pode trocar as camisas que produz por dinheiro para comprar comida e outras coisas de que precisa. Quanto mais você se especializa em produzir camisas, mais e melhores camisas você produz e com custos menores — até pessoas que não podiam comprá-las antes agora têm acesso. Você deu a todos a liberdade de terem acesso a algo que antes não existia e, não fosse seu empreendimento, continuaria não existindo.

Eis que um dia entra um vagabundo metido a crítico na sua loja. 
— Eu quero uma camisa!, diz ele.
Pois não, meu jovem, são 19,99 dinheiros. responde você.
— Viram? Não somos livres! Eu não posso entrar aqui e ter de graça, isto é, sem esforço algum da minha parte, algo que este homem se esforçou para produzir! Este maldito capitalista, imaginem só, não quer me dar uma camisa sem receber nada em troca pelo tempo que ele gastou produzindo-a! Pff! Como veem, o dinheiro é o vilão que me separa da minha camisa, precisarei trabalhar pra ter dinheiro se quiser alguma coisa, ele é o vilão usado para me controlar!

Sei lá, eu preciso explicar mais? 

O pior é que preciso, porque, adivinhem só, quando o jovem Bill saiu da loja, lá estava um esquerdista. Bill contou sua história e o esquerdista ficou extremamente comovido com o pobre rapaz, vítima da desigualdade e injustiça do mundo, que ficou sem uma camisa. "Pobrezinho", pensou ele, "Não é justo que algumas pessoas tenham camisas e outras não!". 

A realidade ouviu o lamento mas estava ocupada demais produzindo formatos engraçados em nuvens e acabou esquecendo de fazer cairem camisas do céu.

Isso frustrou um pouco o esquerdista, mas não por muito tempo: "Já sei, precisamos criar uma lei dando às pessoas o DIREITO de terem camisas! Pronto, votem em mim e o Estado vai providenciar camisas a vocês!". 

Todos aplaudem.

Exceto aqueles que serão OBRIGADOS a produzir ou a financiar, via impostos, a produção de tais camisas pros outros a troco de nada, é claro.

Fiquem atentos sempre que um esquerdista falar sobre liberdade: a solução dele geralmente envolve criar REGALIAS chamadas de "direitos sociais" para alguns à custa da liberdade dos outros.

5 comentários:

  1. Primeiramente vamos tratar da imagem em si:
    Bill Hicks é um comediante americano e sua principal caracteristica é o exagero. Isto merece ser ressaltado pra que a imagem seja entendida. Antes de analisar o texto do Hicks é bom lembrar que os EUA é um país extremamente intervensionista e corporativista(não achei termo melhor antagonico ao populismo brasileiro). Além disso existe uma postura nos EUA e na população em geral de ignorar o intervensionismo do estado e se considerar "liberal"(coisa que o país não é) e defendedor das liberdades do povo. A frase do Bill Hicks entra como critica a esta postura, de que não são livres e que a noção de liberdade estados-unidense é erronea, que na realidade eles só possuem "poder aquisitivo" mas não que isso signifique liberdade.

    O problema é que você como "direitista", ignora todas as outras formas de exercer o capitalismo e acha que a única forma do capitalismo existir é a liberal e que qualquer critica a qualquer forma de aplicação do capitalismo seja diretamente uma crítica ao capitalismo liberal. Acredito que isto não seja uma novidade para você, mas o capitalismo liberal, não intervensionista e equilibrado é excessão no mundo hoje. E principalmente hoje graças a gigantes economicos como o próprio EUA, existe uma tendencia grande de seguir o modelo estados-unidense.

    A sua fábula é perfeita, e eu concordo que assim que as coisas deveriam ser. Mas o mundo não é perfeito. A idéia de que o capitalismo liberal ideal é exercido em todo lugar é erronea, simplesmente por que existem resquicios de uma caracterisca europeia pré-capitalismo, os burocratas. A burocracia impede o liberalismo ideal de ser aplicado e induz ao corporativismo. Não vou me alongar muito sobre assunto por que espero ver o que vai responder sobre isso.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Claro que a fala de um comediante sempre terá uma carga de exagero que não estaria presente num argumento formal. No entanto, note que meu texto não se baseia em refutar cada aspecto da fala dele, mas sim dela JUNTO com a legenda "Money is used as a means of control", que NÃO foi escrita por um comediante.

      Como é que poder aquisitivo não significa liberdade? É uma questão de definição: se você tem PODER aquisitivo, isso significa que você PODE adquirir coisas que deseje. Como é que a liberdade para fazer algo que se queira estaria "erroneamente sendo considerada uma liberdade"? Essa crítica só faria sentido num regime comunista, em que as pessoas tivessem poder aquisitivo mas fossem impedidas pelo Estado de comprar o que quisessem - mas o vilão da liberdade continua não sendo o dinheiro e o poder aquisitivo, e sim a intervenção estatal, que reduz suas opções de querer.

      E, não bastasse a crítica que você sugeriu não fazer sentido, a imagem NÃO DÁ SUPORTE a ela. Mesmo num Estado não-intervencionista você precisaria de dinheiro. Isso porque usarmos dinheiro não é fruto de intervencionismo do Estado, logo, não faz sentido apontar o uso do dinheiro como uma evidência do intervencionismo estatal numa crítica a tal intervencionismo (ou "à falta de consciência que as pessoas tenham dele", que seja).

      Na boa, não colou.

      Considerando o texto da imagem e o teor da legenda não há a menor dúvida da intenção de quem os criou: tratar o dinheiro, o grande vilão capitalista, como se ele escravizasse. Só faltou sugerir dá-lo todo ao Estado pra sermos livres.

      Att.
      MP

      Excluir
    2. se você tem PODER aquisitivo, isso significa que você PODE adquirir coisas que deseje. Como é que a liberdade para fazer algo que se queira estaria "erroneamente sendo considerada uma liberdade"?

      O estado tornar ilegal a venda de qualquer produto continua existindo liberdade no poder aquisitivo? O estado reduzir as liberdades pessoais com qualquer prerrogativa que seja? Realmente só por permitir a propriedade privada a pessoa é totalmente livre:
      http://en.wikipedia.org/wiki/Patriot_Act

      Concordo sim que com a legenda de quem postou a imagem dá margem a interpretação que você fez. Eu analisei apenas o texto do Hicks pq foi esse o motivo de eu compartilhar a imagem e você acabar vendo ela e começar esse assunto(confesso que só percebi a legenda depois que você fez o post aqui no blog). E que a minha interpretação do que o Bill Hicks diz é exatamente isso que eu to falando, liberdade vai além de "ter o direito de comprar" e que de uma forma mais estrita o que "chamamos" de liberdade é apenas uma ilusão. Interpreto dessa forma por conhecer vários dos "textos" do Hicks e ter uma noção de pra que direção ele aponta com eles, pelo menos eu acho.

      Aguardo resposta sobre os outros argumentos do post anterior.

      Excluir
    3. "O estado tornar ilegal a venda de qualquer produto continua existindo liberdade no poder aquisitivo?"

      Não.
      É o que eu disse: o vilão da liberdade não é o poder aquisitivo ou o dinheiro, e sim a intevenção estatal. Como falei em relação ao comunismo: poder aquisitivo não significa, por si só, liberdade total, (pois não adianta ter dinheiro e o Estado restringir suas opções de gastá-lo) mas poder aquisitivo/dinheiro é uma liberdade, não "controle".

      "O estado reduzir as liberdades pessoais com qualquer prerrogativa que seja? Realmente só por permitir a propriedade privada a pessoa é totalmente livre:"

      Não basta permitir a propriedade privada para que sejamos totalmente livres — e eu não disse que bastava isso. Nos posts passados citei não só propriedade, mas 3 direitos. Recomendo acompanhar os próximos posts, onde exporei a teoria política que adoto.

      "liberdade vai além de "ter o direito de comprar""

      Sim.

      "e que de uma forma mais estrita o que "chamamos" de liberdade é apenas uma ilusão."

      Liberdade se dá quando o homem pode viver conforme suas escolhas sem ser impedido; para que isso aconteça em sociedade, acrescenta-se que ele possa viver conforme suas escolhas desde que respeitando também a liberdade de escolhas dos demais. Falarei mais sobre isso em próximos posts. Conceitos diversos disso provavelmente são ilusões.

      Sobre "pendências" do post anterior:
      "A idéia de que o capitalismo liberal ideal é exercido em todo lugar é erronea,"

      Não defendo que capitalismo liberal ideal seja exercido em todo lugar. Na verdade eu não sei nem se consigo citar algum lugar em que ele esteja sendo exercido.

      "A burocracia impede o liberalismo ideal de ser aplicado e induz ao corporativismo."

      Sem dúvida. Mas nada impede de lutar contra estas ideias esquerdistas, certo?

      "A sua fábula é perfeita, e eu concordo que assim que as coisas deveriam ser. Mas o mundo não é perfeito"

      Nem vai ser (perfeito), mesmo se aplicando a perspectiva que defendi no post. O Bill vai continuar sem camisa se não quiser trabalhar pra comprar uma. Perfeição seria se todos tivessem tudo de que precisam sem fazer nada. Mas um sistema em que "ter" está condicionado a "produzir" sem dúvida é melhor do que um que permite "ter" tomando de quem produziu.

      "O problema é que você como "direitista""

      Não sou, como deve ter dado pra ver no post 2 do Espectro Político. Mas entre esquerda e direita, fico com a direita - nem que seja pra quebrar a hegemonia da esquerda.

      "ignora todas as outras formas de exercer o capitalismo e acha que a única forma do capitalismo existir é a liberal e que qualquer critica a qualquer forma de aplicação do capitalismo seja diretamente uma crítica ao capitalismo liberal."

      Não sei se são "outras formas de capitalismo"; está mais para "formas de desvirtuar o capitalismo".

      "capitalismo liberal, não intervensionista e equilibrado é excessão no mundo hoje."

      Infelizmente.

      Espero que não tenha sobrado nada.

      Att.
      MP

      Excluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir