domingo, 27 de janeiro de 2013

Encontrado o culpado pelo incêndio na boate Kiss:


O leitor pode ficar tranquilo. No facebook já se encontra disponível o relatório completo com o culpado para o incêndio na boate em RS: o capitalismo.
"Eu não estou colocando a culpa nos funcionários, sabemos que são explorados pelos seus patrões e estavam tentando garantir sua renda. Presumindo que era um problema menor tentaram garantir a ordem, que era a sua função. Se não cumprissem (deixassem as pessoas saírem por conta do tumulto sem pagar), obviamente seriam culpados por eles pelas perdas do lucros. Por isso ao meu ver tentaram controlar a confusão e garantir os lucros da empresa e seus empregos. Entendo que sobretudo é culpa da boate pela sua desorganização e despreparo até mesmo na qualificação de seus profissões. Mas não deixo de me chocar com a falta de preparo e de humanidade dessa atitude que pode ter eliminado as chandes de muitos se salvarem."

"Na verdade, podemos muito bem culpar o nosso sistema capitalista opressor por atitudes pouco humanas como essas."
"BRASIL = Um lugar onde você morre queimado, mas não sai sem pagar." 

Não é nenhuma opressão que as pessoas tenham que cumprir suas funções. Espera-se que os seguranças cumpram a deles, assim como esperamos isso dos bombeiros, dos policiais, dos professores, etc.

É um absurdo imaginar que os seguranças preferiram SE TRANCAR dentro da boate junto com as pessoas (sim, pois morreram seguranças também) por pura maldade capitalista, preferindo que clientes e eles mesmos morressem em nome dos lucros.

O sujeito que, segundo relatos, acendeu um sinalizador dentro da boate foi burro, as pessoas são negligentes com sua própria segurança ao ir a estes lugares, a boate vacilou... é da nossa natureza cometer enganos — e ficar devaneando outros culpados pra isso.

Mais de 200 mortos na boate e as pessoas ficam buscando sistemas pra culpar, mas não notam que o capitalista malvado dono da boate é quem tinha menos interesse no que aconteceu (será que ele fez uma análise de custos e concluiu que valeria mais a pena deixar morrer 250 clientes, deixar outros tantos feridos, perder tudo que foi comprado para o evento da noite, perder a estrutura da boate e pagar indenizações?)


Pela lógica dos anticapitalistas, gente desinteressada em lucros deve ser a Dilma, que se prontificou para largar os compromissos que tinha no exterior, mobilizou os ministros para monitorar a tragédia e garantiu que o governo federal fará "tudo o que for necessário".

E não só ela, outros Políticos e personalidades lamentam tragédia em Santa Maria, no RS: temos notícias do ministro da Saúde Alexandre Padilha que se prontificou para ir ao Rio Grande do Sul verificar "que tipo de apoio na área da saúde pode ser dada"; temos o secretário de segurança pública Airton Michels dando entrevista na rádio pra afirmar que "todas as forças de segurança pública do estado já foram acionadas para se deslocarem até Santa Maria"; temos o governador Tarso Genro, comunicando via twitter que se deslocará para "acompanhar o trabalho do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil"; temos o Marco Maia, presidente da Câmara, para garantir que "não pouparão esforços para amenizar a dor das famílias e para que tragédias como esta não ocorram mais em nosso país"...

Abençoados sejam todos estes heróis, neles deve repousar nossa esperança, pois estes sim são gente que tem interesse e incentivo para evitar tragédias, pois não ganham nada com elas, não têm interesse nenhum em usá-las pra mostrar serviço. É nos ombros do estado que deve repousar nossa esperança, para nos defenderem contra essa gente capitalista que certamente ganha muito dinheiro queimando seus clientes.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Direitos Legítimos (7): Liberdade


O Direito à liberdade ficou por último não por ser menos importante que o direito à propriedade ou à vida, mas porque é principalmente através de ameaças à vida e à propriedade que o direito à liberdade é violado.

Na verdade, os três direitos são completamente interdependentes:

Vida x liberdade e propriedade
É evidente a impossibilidade de ter liberdade ou propriedade estando morto. A dependência destes dois direitos em relação ao direito à vida é óbvia.

Propriedade x liberdade e vida
Menos óbvio é o fato de que é impossível ser livre sem propriedade. Se o indivíduo não tem a posse/o direito de usar aquilo que produz como bem entende, necessariamente existe alguém o impedindo de fazê-lo. Isto significa que este indivíduo não está livre para agir de acordo com sua própria razão e julgamento, está sendo obrigado a seguir as decisões de outro. Não há liberdade sem o direito à propriedade, e sim escravidão.

Se lembrarmos que o parâmetro para a vida não é a mera sobrevivência do corpo, mas sim a vida de um ser racional e independente, a correlação entre propriedade e vida também fica clara. Sem o direito de usar tudo aquilo que produz, o indivíduo não depende apenas de seu trabalho para existir – mas também da permissão alheia. Removida sua independência, ele não está mais vivendo a vida de um ser racional e independente – mesmo que sobreviva.

Liberdade x vida e propriedade
Também é impossível viver ou ter propriedade sem ter liberdade. Se o indivíduo não pode agir livremente, evidentemente não pode usar aquilo que produz livremente. Sem liberdade não pode haver propriedade. Invocando novamente a vida de um ser racional e independente como parâmetro, também fica claro que sem poder agir de acordo com suas decisões é impossível a vida como ser racional – embora a sobrevivência física seja possível.

Violações à liberdade - Conceito de liberdade
O direito à vida e o direito à propriedade podem ser violados diretamente, usando a força física para tomar a vida ou remover a propriedade do indivíduo. Quando vida ou propriedade é ameaçada, é violado também o direito à liberdade.

Pode-se fisicamente prender uma pessoa, fechando-a em uma cela, amarrando-a ou acorrentando-a. A violação direta do direito à liberdade é clara e evidente. Sua violação indireta é muito mais comum, mas também se dá através do uso da força. Ao apontar uma arma para sua vítima, a vida dela passa a ser condicionada à obediência ao assaltante. A escolha da vítima é limitada a obedecer para que a ameaça à sua vida ou sua propriedade não seja concretizada.

A coação, a violação indireta do direito à liberdade, se dá desta forma. Tornando algo que pertence à vítima por direito (sua vida ou sua propriedade) e tornando este valor condicional à obediência. Claramente é apenas através da ameaça do uso da força que se pode violar o direito à liberdade, pois é impossível ameaçar o que o indivíduo tem se não pelo uso da força.

Apenas se viola o direito à liberdade quando se ameaça algo que a pessoa tem. Este entendimento permite eliminar uma interpretação errada do direito à liberdade que cria a ilusão de conflitos entre os direitos das pessoas. O erro é tratar a “ameaça” contra algo que a pessoa ainda não tem como violação de seus direitos.

Este erro é muito freqüente ao discutir relações profissionais. É extremamente comum o seguinte argumento: “O empregado é pobre e desqualificado, o empregador oferece um salário baixo demais, injusto, mas o empregado é obrigado a aceitar”.

Antes de ser contratado, o que o pobre e desqualificado trabalhador tem? Tem sua vida e seus poucos bens. O empregador ameaça tirar a vida ou os poucos bens do trabalhador ao oferecer-lhe emprego? Não. Aliás, pelo contrário, oferece a oportunidade de acrescentar um pouco a estes bens.

“Mas sem o emprego o trabalhador pobre morreria de fome, sua vida está ameaçada” retrucam. Mas não é o empregador que “ameaça” o indivíduo, mas a própria natureza – que exige que ele se alimente, entre outras coisas. Não é culpa do empregador que o futuro empregado precisa comer, seja qual for o salário que oferecer.

Se o empregado realmente foi “obrigado” a aceitar, isto apenas significa que a oferta daquele empregador foi a melhor opção que existia (não fosse, teria escolhido outra). O empregador, longe de ameaçar o pobre trabalhador ou violar seus direitos como bradam os marxistas, ofereceu-lhe nada menos do que a melhor saída para sua situação anterior. Pode não ser boa a condição do empregado, mas com certeza é melhor do que a que tinha antes!

Culpar pessoas pelas “obrigações” impostas pela natureza é um dos erros mais freqüentes no entendimento do direito à liberdade.

Outra forma desta deturpação do direito à liberdade é comum ao discutir a liberdade de expressão. Em defesa da “democratização da mídia” muitos reclamam que quem é pobre ou tem opiniões impopulares tem sua liberdade de expressão violada — porque não consegue espaço na mídia.

O que o “sem voz” tem? Tem sua vida, sua propriedade e suas opiniões. Alguém está ameaçando sua vida ou propriedade? Não. Alguém está fisicamente o impedindo de expressar suas opiniões? Não. Ao recusar ajuda ao pobre ou impopular, estas pessoas não estão violando nenhum de seus direitos — apenas estão recusando dar àquela pessoa algo a mais, não estão tirando ou ameaçando algo que ela já tem.

O indivíduo tem o direito de falar e de escrever, mas ninguém tem a obrigação de ouvi-lo ou comprar papel e caneta para que ele escreva. Ninguém tem a obrigação de transmitir suas opiniões por rádio ou televisão. “A mídia” são outras pessoas, e a propriedade de outras pessoas. Pessoas que têm sua própria liberdade de atender às vontades dos outros.

Em geral a solução proposta para o "problema" é que “o governo deve criar mecanismos estatais, para que estas pessoas possam ser ouvidas!”. Aí está o governo Lula criando uma televisão estatal, em tese para “democratizar a mídia”. Mas de onde vem o dinheiro do governo? É tirado da população pelos impostos. Ou seja, as mesmas pessoas que não querem pagar para ouvir os “sem voz” (pois se quisessem, “a mídia” os publicaria) são forçadas pelo governo a fazê-lo!

Neste, como em todos os casos, não há violação de direitos até que se use a força. Os verdadeiros direitos são apenas garantia contra a interferência dos outros. Ninguém é obrigado a dar ao outro um prato de comida, nem um palanque para ser ouvido.

O verdadeiro direito à liberdade não garante imunidade das leis físicas da natureza. O direito à liberdade também não garante que o indivíduo será onipotente, capaz de fazer o que quer, nem muito menos que outros cooperarão com ele. Garante apenas que outros não ameaçarão sua vida ou propriedade, nem o impedirão fisicamente de agir como quiser — desde que não viole os direitos deles.

Liberdade é não estar sob ameaça de outras pessoas. Se só existisse uma pessoa em todo o mundo, ela seria completamente e absolutamente livre. O ideal Capitalista é que se possa ter esta mesma liberdade vivendo em sociedade, e os direitos individuais são o meio de fazê-lo.

No entanto, em vez de liberdade como ausência de coação, há quem defenda a idéia de que liberdade é "poder escolher”. Quem escolhe supostamente é um individuo, um ser humano, ou seja, um auto-proprietario (proprietário de si mesmo). Sobre o que um agente pode escolher, dada a sua natureza? Sobre aquilo, seja externo ou interno, que ele tem sob comando de seu arbítrio, da sua vontade, ou seja, suas propriedades.

Ocorre que não é isso que os defensores da “liberdade como poder escolher” querem dizer por poder escolher. Eles querem liberdade de escolher sobre as propriedades de OUTROS também. Embora ficasse extremamente ridículo dizer que alguém não é livre porque não pode escolher dirigir uma Ferrari, eles dizem que um pobre não é livre se não pode escolher ser médico, engenheiro, ou, numa situação dramática, comer. Por isso, uma política justa (segundo eles), seria fornecer meios para que qualquer um possa escolher ser médico, engenheiro e comer. É a tal idéia das igualdades de oportunidades. Alguém fornece uma "cesta de bens" inicial que, possivelmente, aumenta o leque de escolhas do individuo. Isso o tornaria livre, porque ele teria mais escolhas. De certa forma essa definição é uma variação de outros dois absurdos: liberdade é onipotência ou, num sentido menos filosófico, liberdade é poder / riqueza.

A violação da definição clássica de liberdade (ausência de coerção) é óbvia: quem fornece, quem paga a tal "cesta de bens" para ampliar o leque de escolhas de quem quer que seja? Se essa liberdade como "poder escolher" é um direito, então violações desse direito implicam no uso da força para seu restabelecimento ou reparação. Isso significa que alguém com um leque de escolhas reduzido, ou alguém encarregado por ele, pode tomar propriedades de outros para providenciar a tal "cesta de bens" que aumenta o leque de escolhas do sujeito. Pronto! Temos o inicio do uso da força contra a propriedade de outro. Foi-se a liberdade. Liberais clássicos não teriam nada contra as pessoas voluntariamente fornecerem tais cestas de bens para ampliar as escolhas de quem quer que seja. O ponto central é a ausência do “voluntariamente” e a questão da justiça. Sobre essa questão, aumentar o leque de escolha de alguém não é assunto de justiça, não é direito de ninguém ter um conjunto de escolhas grandes. Cada um, dada a sua natureza (suas propriedades), constrói seu próprio leque de escolhas. Outras pessoas não podem ser obrigadas a abrirem mão de suas próprias coisas, conquistadas com seu próprio trabalho, em favor de outras — até porque isso reduziria da mesma forma o leque de escolhas daquele que foi privado de suas coisas!

Já os defensores de tal liberdade como "escolhas" defendem que o governo (o aparato coercitivo maior) “dê” a determinados indivíduos as tais "cestas de bens". Pode-se maquiar a referência ao estado com expressões como “sociedade” ("é a sociedade que determina") ou ainda, teorias mirabolantes sobre democracia e representatividade, ai sobra um “é a sociedade democraticamente que determina”, como se fosse legitimo a sociedade democraticamente determinar a morte dos negros, o extermínio dos judeus etc. No fim das contas, o que esses supostos liberais estão dizendo é o que todo fascista ou todo nazista dizia, o estado é tudo, pode tudo.

É realmente incrível como as pessoas passam aqui a sofrer de uma esquizofrenia aguda: elas são contra a escravidão mas são favoráveis ao governo obrigar as pessoas a trabalhar e financiar bens como “educação” para outros mesmo contra suas vontades, ou seja, escravidão. É a conseqüência inevitável de dizer que alguém tem direito a determinados bens produzidos por outros. Alguém tem que produzir esses bens. E se é um direito, o verdadeiro proprietário será destituído de seus bens à força para cumprir tal “direito” de outro. Em um mundo de escassez como o nosso, é impossível garantir bens a priori sem violar direitos de propriedade, ou seja, a liberdade.

Liberdade não é “poder escolher”. Você não pode escolher matar alguém. E isso não viola sua liberdade, simplesmente porque liberdade, em termos de poder escolher, é escolher dentro do conjunto de suas propriedades e a vida de outro ser humano não é uma propriedade sua, é dele. Você deixa de ser livre porque não pode chegar à IBM e exigir a presidência da empresa? Ou, porque não pode ficar deitado no sofá em casa e ganhar R$200.000? Isso não tem absolutamente nada a ver com liberdade, tem a ver com escassez, com poder. Em um mundo sem escassez alguma, seriamos onipotentes, poderíamos ter, fazer tudo, poderíamos ficar deitados no sofá recebendo muito mais que R$200.000, quantia que nem iria fazer efeito algum em nosso bem estar, afinal estaríamos no “nirvana”, totalmente felizes, teríamos tudo. Mas isso é fantasia igual ao coelhinho da páscoa e papai Noel. Chamar algo assim de filosofia ou justiça é uma piada de mau gosto. Falar em escolhas implica em escassez

No fim das contas, é a velha regrinha que todos já aprendemos: todos têm liberdade para agir, desde que não interfiram na liberdade alheia.


Série sobre Direitos: 
- Direitos Sociais: aqueles que você paga mas não leva
- "Saúde não é direito humano". E daí?
- Direitos Legítimos (1): introdução
- Direitos Legítimos (2): Garantias x Liberdades / Direitos Positivos x Negativos
- Direitos Legítimos (3): a natureza humana
- Direitos Legítimos (4): Direitos como liberdades
- Direitos Legítimos (5): Vida
- Direitos Legítimos (6): Propriedade
     - Leis antifumo - banindo a liberdade
- Direitos Legítimos (7): Liberdade
Fonte:
- ocapitalista.com
- Depósito de...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

É Tudo Ilegal! - John Stossel's Illegal Everything

Lá vem a nova edição do BBB, e com ela as reclamações de sempre sobre como o povo se aliena assistindo a esse programa. Então eu guardei alguns vídeos mais longos e vou postá-los um pouquinho antes de começar o programa. Agora você pode gastar 40 minuto vendo a atração global ou pode gastá-los assistindo a algo interessante.

Não vão poder dizer que é por falta de opção, pelo menos...


É uma ideia comum que leis proibindo coisas nos trarão segurança e bem-estar. É um reflexo muito comum, na verdade, identificarmos algo de que nós não gostamos e logo declararmos "deviam fazer uma lei proibindo isso!" para que as outras pessoas também não possam fazer, ou então achar que mais regras em relação às atividades comerciais e profissões facilitarão a vida de todos.

Será mesmo?

John Stossel nos mostra as consequências negativas e absurdos de toda essa cagação de regras:
(legendas em português disponíveis, basta clicar no botão de legendas e ativá-las)



Neste vídeo:
- Limitações a atividades comerciais: de barraquinhas de limonada a comércio de alimentos naturais, tudo deve ser controlado?
- Batalhas judiciais: realmente dá pra se defender de uma arbitrariedade estatal sem arruinar sua vida?
- Regulação sobre táxis: benefício para os pobres ou proteção para os grandes?
- Alimentação: nós podemos escolher o que comer ou outros devem escolher por nós?
- Drogas e prostituição: locais onde isso é permitido estão piores do que lugares onde é proibido?

domingo, 6 de janeiro de 2013

"Saúde não é direito humano". E daí?



Gerou certa polêmica o vídeo acima, em que uma garota libertária diz que "saúde não é um direito humano". Se você tem acompanhado este blog, já deve estar familiarizado com este raciocínio. No post Direitos Sociais: aqueles que você paga mas não leva eu já havia comentado que tais "direitos" são na verdade produtos e, como tais, têm uma série de complicações práticas para serem fornecidos do jeito que prometem na teoria. Vendo as reações ao vídeo, percebo que algo continua não estando claro pra muita gente e gostaria de esclarecer aqui:

Qual a consequência de saúde (ou educação, trabalho, lazer, etc...) não serem direitos de verdade?

No que depender dos debatedores dos comentários, a disputa é entre "gente que quer ver as pessoas morrerem na fila" versus "gente que quer salvar todas as pessoas". Não é isso.

O ponto aqui não é concluir que "por não ser direito, então a gente não vai se esforçar pras pessoas terem e fica por isso mesmo". O ponto é lembrar as pessoas que não basta escrever **DIREITOS HUMANOS UNIVERSAIS SAGRADOS** num papel e aí só "ser vigilante e atento e cobrar dos governos que cumpram sua obrigação".

Escrito assim pode parecer uma ideia óbvia, mas será que é mesmo? Quantas e quantas vezes você já não ouviu (ou mesmo falou...) o discurso de que "é papel do cidadão cobrar do estado e dos governantes que cumpram seu dever de fornecer educação, saúde, etc. a todos"? Como se a única coisa que nos separasse de uma vida digna fosse a ineficiência de governantes ou a nossa apatia política ou os empresários malvados ou as pessoas (sempre as outras...) egoístas?

O fato é que não existe por aí essa "dignidade da pessoa humana" já dada, bastando a cada um reinvindicar sua parcela pronta.

Tais direitos são só a manifestação da nossa vontade de que seria legal ajudarmos uns aos outros — uma vontade humana e, por isso, sujeita às nossas limitações; não um atestado que ganhamos e que cabe ao Estado fazer o universo cumprir.

O Estado não vai pegar a Declaração Universal dos Direitos Humanos nem a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, por mais que tenham nomes bonitos, e esfregar na cara do universo até ele dizer "vocês têm razão, providenciarei agora mesmo que caia do céu todo o necessário para que os seres humanos desfrutem da dignidade da pessoa humana que eles têm".

Não é nem mesmo o Estado quem vai fornecer tais itens: são, apenas, outras pessoas. A tal "saúde para todos" não está pronta e guardadinha em algum lugar só esperando ser chamada de direito pra ser buscada pelo Estado e distribuída entre nós. Ela é um produto da ação de outras pessoas.

E o esforço humano é limitado.

Os médicos, responsáveis por fornecer o tal direito universal à saúde, não vão trabalhar obstinadamente até terem fornecido saúde a todos só porque políticos nos dizem que saúde é um direito humano universal. E os médicos não vão fazer isso pelo mesmo motivo que você não faria: porque são todos uns egoístas mesquinhos e individualistas? Não. Simplesmente porque eles, assim como nós, têm necessidades. Eles precisam comer também e evidentemente não podem produzir comida ao mesmo tempo em que curam pessoas — daí a troca, facilitada pelo dinheiro, que permite às pessoas trocarem um serviço (saúde) por outros (alimentação, educação, saúde...).

Quando médicos a serviço do estado fornecendo saúde "gratuita" recebem seus salários, esse dinheiro não caiu do céu: ele é simplesmente parte da riqueza produzida por outras pessoas. Não há mágica.

Então, agora que você talvez já esteja com os dois pés no chão, ciente de quão sozinhos nós estamos e de quão insignificantes nossas reivindicações são para todo o resto além de nós mesmos, então você até pode continuar falando em "direito humano universal à saúde".

Mas sabendo que todos os bens e serviços que prometermos como direitos terão que ser produzidos por outras pessoas pra serem dados, quão sentido faz continuar tratando a saúde como um direito exigível e garantido ilimitadamente?

Como o esforço humano, limitado, poderia cumprir promessas de direitos ilimitados?
Não pode.

"Saúde não ser um direito" não impede de forma alguma que busquemos cada vez mais ajudar o próximo: é só um lembrete de que o caminho para ajudar os outros passa por trabalhar em vez de fazer cobranças ao governo. Ele não pode nos fornecer nada além do que nós mesmos podemos.
“É incrível como algumas pessoas acham que nós não podemos pagar médicos, hospitais e medicamentos, mas pensam que nós podemos pagar por médicos, hospitais, medicamentos e toda a burocracia governamental para administrar isso.”
- Thomas Sowell

Leitura recomendada: O paciente de R$ 800 mil
A matéria fala sobre pessoas que conseguem fazer valer seu "direito" à saúde previsto na Constituição — e como é impossível atender a todos se fizerem o mesmo, o que nos demonstra com dados e fatos que não faz o menor sentido continuar chamando esse tipo de coisa de "direito".

sábado, 5 de janeiro de 2013

7 mitos da privatização

1. Privatizar é entregar o patrimônio público
Quem é contra as privatizações costuma acusar seus opositores de "lacaios do capital", "entreguistas", "corsários do patrimônio público". Privatizar, na verdade, não significa entregar as riquezas, mas permitir que os empreendedores possam explorá-las e produzir mais dividendos ao país. A Vale, por exempo, paga hoje 20 vezes mais impostos do que quando era estatal. É muito mais dinheiro para hospitais e escolas. A empresa também paga mais aos seus acionistas e colaboradores, o que significa mais dinheiro circulando no país.

2. Quem defende a privatização acredita na boa vontade dos empresários
Nada mais errado. Ser a favor da privatização e do capitalismo não significa considerar industriais, banqueiros e comerciantes pessoas bondosas. Significa, isso sim, acreditar que a concorrência entre empresários em busca de lucro é o melhor incentivo à inovação e ao barateamento dos produtos: não precisamos depender da boa vontade de uma fábrica de celulares para criar aparelhos mais leves e com mais acessórios para melhorar o mundo, ela faz isso pra vender mais.

(você pode ver mais sobre isso no vídeo desse post)

3. As estatais ajudam os pobres
Quando uma empresa particular quebra, quem paga a dívida são os proprietários e acionistas. No entanto, se uma estatal é mal administrada e dá prejuízo, a conta precisa ser paga pelo governo, ou seja, pelos impostos dos cidadãos. O Brasil padeceu desse problema nos anos 80, com divertas estatais gerando enormes rombos que tiveram que ser sustentados por nossos impostos. Para sanar as dívidas dos bancos estatais, por exemplo, imprimia-se mais dinheiro, o que gerava inflação — o pior castigo que pode ser aplicado aos mais pobres.

4. Setores estratégicos devem ser controlados pelo governo
Típica da ditadura militar, essa falácia já foi desmentida diversas vezes. Na questão dos minérios, dos fertilizantes, dos aeroportos e da Embraer, provou-se que a iniciativa privada é muito mais eficiente para prover serviços — e que não há risco algum ao interesse nacional. O melhor raciocínio é o inverso: é muito perigoso deixar setores estratégicos a cargo da vagarosa burocracia do governo. Não existe, por exemplo, setor mais essencial à vida que a alimentação, justamente uma área de comércio quase toda privada. O sucesso da produção de alimentos a baixo custo é tão grande que desencadeou outro problema: a obesidade até mesmo entre os pobres.

5. A privatização provoca demissões e salários menores
Em um primeiro momento, pode haver demissões. Estatais costumam ter muito mais funcionários do que o necessário, o que geralmente acarreta prejuízo a ser pago pelos cidadãos. Por isso, é comum haver algumas demissões quando a empresa é vendida. No entanto, como a produção e a eficiência aumentam muito nas empresas em busca do lucro, o número de empregos se multiplica depois. A Embraer, por exemplo, dobrou o quadro de pessoal pouco tempo após ser privatizada. Além disso, o salário médio também aumenta, a fim de segurar e estimular os funcionários mais produtivos.

6. Empresários só pensam em lucro no curto prazo
Resiste, no Brasil, a crença de que os empresários são gananciosos que só se focam no curto prazo, enquanto os políticos vão proteger os interesses nacionais no longo prazo. A verdade é o contrário disso. Os empresários, justamente por causa do foco no lucro, precisam pensar no longo prazo, pois o fluxo de caixa maior ao longo do tempo significa um valor presente maior para seu ativo. Por outro lado, os políticos precisam pensar nas próximas eleições, pois mesmo um ótimo político precisa ser reeleito se quiser continuar no cargo. Isso acaba produzindo uma visão totalmente míope e voltada apenas para o período de alguns meses.

7. Nossas estatais foram vendidas a "preço de banana"
Esse é um dos mitos mais difundidos, que não resiste a uma análise mais isenta dos números. Mesmo que as estatais fossem "entregues" ao setor privado, o país ganharia com o fim dos prejuízos sustentados pelos contribuintes, com os maiores impostos arrecadados, com os empregos gerados e com os novos investimentos. Mas não foi o caso. As privatizações permitiram ao estado arrecadar mais de 70 bilhões de dólares e trasnferir quase 20 bilhões em dívidas. Os preços, definidos em leilões com a presença de empresas estrangeiras, apresentaram ágio em relação ao valor inicialmente estabelecido (ou seja, as empresas pagaram mais caro do que o preço mínimo exigido). O que não é justo é comparar o valor da venda de uma estatal com seu novo valor enquanto empresa privada, pois o valor costuma subir justamente pela mudança na gestão.

Extraído da orelha de capa do livro "Privatize Já", do Rodrigo Constantino