quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Esquerdistas: mais inteligentes e bonzinhos ou mais mentirosos?


Uma das primeiras coisas que esquerdistas se preocupam em fazer ao entrar em um debate é criar rótulos bons para si e ruins para os adversários: isso significa se auto-venderem como tolerantes, bondosos, empáticos, caridosos, inteligentes, iluminados, científicos, etc — e, claro, dizer que o outro lado não é nada disso, e sim um bando de mesquinhos ricos que não se importam com os necessitados.

Ainda mais se puderem relacionar um estudo como o a seguir:
Um estudo feito pela Universidade Brock, de Ontário (Canadá) coletou dados por mais de 50 anos e chegou a uma polêmica conclusão: pessoas com ideologia de esquerda (ou liberal, como dizem no hemisfério norte) são mais inteligentes que pessoas de direita e conservadoras.

Após entrevistar cerca de 15 mil pessoas no Reino Unido em 1958 e 1970, os pesquisadores compararam os níveis de inteligência com a posição política dos participantes da pesquisa depois de adultos.

Como efeito de comparação: pessoas muito conservadoras tinham Quociente de Inteligência de 94 pontos (a média é 100). Pessoas de centro tinham QI de 100 pontos e as pessoas muito liberais tinham QI médio de 106 pontos.

Logo de cara é importante notar que os resultados médios (entre 94-106 pontos) ficaram rigorosamente dentro da faixa entre 90-109, considerada de inteligência média (inteligência acima da média começa a partir de 110; inteligência superior acima de 120 e superdotação acima de 130). Ou seja, pelo estudo NÃO se pode declarar que alguma das posições políticas seja "a opção do grupo de gênios".

Outro ponto que podem querer sugerir é que a opção pelo liberalismo/esquerdismo seria fruto de alguma ponderação racional que as pessoas com QI mais alto teriam feito, Mas considerando que pessoas com QI mais alto tendem a ir mais longe na vida acadêmica e que há extensa doutrinação de esquerda nesses locais, pode muito bem ser que as pessoas com QI mais elevado se digam esquerdistas não por terem posto sua inteligência para fazer um julgamento, mas simplesmente por falta de terem sido apresentadas decentemente a outras alternativas. Resumindo, correlação (entre QI e escolha política) não significa causação (que o QI tenha causado a escolha política).

Pois bem, o estudo nos mostra um grupo em média mais inteligente do que outro, e o grupo mais inteligente foi colocado como esquerda/liberal. O ponto é: o que significa esquerda/liberal para eles?

É aqui que a coisa fica interessante.

A notícia tem um link para o psychology today, onde um artigo defende que o liberalismo/esquerdismo poderia ser "razoavelmente definido como a preocupação genuína com o bem-estar dos outros geneticamente independentes e a vontade de contribuir com maiores proporções de recursos privados para o bem-estar destes outros".

Ainda de acordo com eles, "no contexto político moderno e econômico, essa vontade geralmente se traduz em maiores proporções de destinação da renda individual em impostos para o governo e seus programas sociais. Liberais normalmente apoiam tais programas sociais e aumento de impostos para financiá-los, e os conservadores geralmente se opõem a eles".

O truque aqui é sugerir que a forma de externar a vontade de ajudar os demais é via programas de governo: como liberais apoiam tais programas, eles seriam então os que querem ajudar, enquanto os conservadores, que são contra, seriam os que não querem ajudar os demais.

Opa, mas espere aí, a única e melhor forma de zelar pelo bem-estar dos outros é através do governo e seus programas sociais? É claro que não, pois também existe a caridade privada, na qual as pessoas doam seus recursos privados de forma direta e voluntária.

E, de acordo com os dados abaixo, mais efetiva:


É isso que os conservadores defendem.

Ou seja, de início já vemos que a "definição razoável" usada por eles é um jogo de rótulos dos mais sem-vergonhas. O elemento "Preocupação genuína com o bem-estar dos outros" não é, de forma alguma, uma característica inerente aos liberais/esquerdistas. Muito menos a única forma de se medir essa preocupação seria através da disposição das pessoas em patrocinar governos — pois pode-se ajudar os necessitados (de forma muito mais eficiente, inclusive) doando-se DIRETA E PRIVADAMENTE A ELES o próprio dinheiro em vez de dá-lo a políticos para ser desviado.

Já dá pra começarmos uma definição realmente honesta e compatível com os fatos: em relação a ajudar os demais, liberais/esquerdistas são os que defendem ajuda via inchaço estatal; conservadores/direitistas são os que defendem ajuda privada, voluntária e mais eficiente. Só isso.

Mas os esquerdistas ficaram tão empolgados com o estudo que começaram até mesmo a devanear racionalizações e uma hipótese que o resultado da pesquisa corroboraria:
"A hipótese é que indivíduos mais inteligentes devem ser mais capazes do que os indivíduos menos inteligentes de compreender e lidar com entidades e situações evolutivamente novas (e não evolutivamente familiares). Definido como tal [e já vimos que tal definição é uma besteira], o liberalismo é evolutivamente novo. Os seres humanos (como outras espécies) são evolutivamente concebidos para serem altruístas para com seus parentes genéticos, seus amigos e aliados, e os membros de sua deme ou grupo étnico. Eles não são projetados para serem altruístas em direção a um número indefinido de completos estranhos, que eles não estão suscetíveis de conhecer ou interagir. Isso porque os nossos antepassados ​​viviam em pequenos bandos de 50-150 indivíduos geneticamente relacionados, e grandes cidades e nações com milhares e milhões de pessoas são uma inovação evolutiva. (...) O liberalismo é, portanto, mais provável de ser adotado por indivíduos mais inteligentes do que pelos menos inteligentes."
Este é um padrão comum da crença esquerdista, o de que o homem através de alguma âncora positiva (pode ser "a ciência", "a razão", "a inteligência"...) vai alcançar um novo estágio na evolução superando sua condição anterior e se tornando mais empático, pacífico, etc...

Mas será que algum dos lados realmente "se preocupa mais genuinamente"? Já sabemos que esquerdistas adoram DIZER que se preocupam mais, mas dizer é fácil: Será que NA PRÁTICA liberais são os que mais doam? Esta sim é uma boa forma de avaliar quem realmente se preocupa mais.

Arthur Brooks, professor da Universidade de Syracuse, fez um estudo sobre doações para entidades filantrópicas nos EUA, que revelou que os conservadores doam 30% A MAIS para instituições de caridade do que doam os esquerdistas/liberais, apesar do fato de os esquerdistas/liberais terem rendas mais elevadas do que os conservadores.

Huumm... embora esquerdistas queiram se definir como "os mais dispostos a doar", na hora de REALMENTE DOAR o próprio dinheiro — que é o que importa, certo? — conservadores saem na frente.

Os esquerdistas até que tentam inventar uma desculpa pra esse furo, relacionada à questão de "doações a indivíduos geneticamente independentes":
"O fato de conservadores doarem mais dinheiro para caridade do que os liberais não é inconsistente com a previsão da hipótese, na verdade, é suportado por ela. Normalmente indivíduos podem escolher e selecionar os beneficiários de suas doações de caridade. Por exemplo, eles podem escolher dar dinheiro às vítimas de um terromoto no Haiti, porque querem ajudá-los, mas não dar dinheiro às vítimas do terremoto no Chile, porque eles não querem ajudá-los. Em contraste, cidadãos não têm nenhum controle sobre a quem o dinheiro que pagam em impostos beneficiará. Eles não podem individualmente escolher pagar taxas para financiar a saúde pública, porque querem ajudar idosos brancos, mas para não ajudar afrodescendentes, porque eles não querem ajudar mães solteiras negras e pobres. Isso pode ser precisamente por que conservadores escolhem dar mais dinheiro para caridade individual à sua escolha enquanto se opõem a mais impostos."
Mas a desculpa é completamente esfarrapada. Uma coisa é QUANTO se doa, outra coisa é pra QUEM se doa. Se esquerdistas são mesmo "genuinamente preocupados com o bem-estar dos outros geneticamente independentes e dispostos a contribuir com maiores quantidades em prol deles", eles deveriam doar TANTO QUANTO (ou melhor, MAIS do que) os conservadores, apenas dirigindo tal quantidade de doações para esses grupos "externos" de indivíduos. O fato de conservadores doarem mais é sim incompatível com a hipótese.

Agora, será mesmo que conservadores doam mais, mas só entre os seus semelhantes?

Até nisso estão errados. Os cristãos, diz Brooks, "fazem mais caridade em todos os aspectos não religiosos que dá para se medir".

Brooks revelou que os conservadores doam mais em tempo, serviços e até sangue do que os outros americanos, notando que se os esquerdistas e moderados doassem tanto sangue quanto os conservadores doam, o abastecimento de sangue aumentaria em cerca de 50%.

Ou seja, o artigo é uma safadeza completa:

1- Tenta definir esquerdistas/liberais como "preocupados e dispostos a doar" porque acreditam em dar dinheiro pro governo, quando as pessoas também podem ser "preocupados e dispostas a doar" fazendo isso privadamente.

2- Tenta definir esquerdistas/liberais como os "preocupados e dipostos a doar maiores quantidades", mas quem doa mais são os conservadores.

3- Tenta dizer que conservadores doam mais, mas seria só entre os seus, no entanto os conservadores, de fato, doam mais também para causas não-religiosas do que os demais.

Ou seja, ironicamente, quem se enquadraria melhor no conceito que inventaram para esquerda, como indivíduos empáticos, seriam... os conservadores!


Por fim, a cereja do bolo. Os esquerdistas ficaram tão satisfeitos com sua pseudociência que resolveram contar vantagem — e acabam atirando no próprio pé:
"Aliás, essa constatação [de que os esquerdistas seriam mais inteligentes] corrobora uma das queixas persistentes entre os conservadores. Conservadores frequentemente se queixam de que os liberais controlam a mídia ou o show business ou a universidade ou algumas outras instituições sociais. A hipótese explica por que os conservadores estão corretos em suas queixas. Liberais realmente controlam os meios de comunicação, ou o show business, ou as universidades, entre outras instituições, porque, à parte de algumas áreas da vida (como negócios) em que as circunstâncias de competição possam existir, os liberais controlam todas as instituições. Eles controlam as instituições porque os liberais são, em média, mais inteligentes do que os conservadores e, portanto, eles são mais propensos a atingir o mais alto status em qualquer área (evolutivamente nova) da vida moderna."
Ah, então quer dizer que eles assumem que controlam todas as instituições, o que obviamente inclui o estado? Isso nos ajuda a estabelecer uma definição mais correta e entender a questão:

Liberais são os que DIZEM se preocupar mais com os outros a fim de arrecadar mais dinheiro para o Estado — mas eles próprios assumem que ocupam o Estado e suas instituições, o que significa que essa "preocupação com os outros" pode muito bem ser mera desculpa para reinvidicarem mais dinheiro a passar pelas mãos deles mesmos.

Enquanto Conservadores EFETIVAMENTE DOAM mais para os outros e reinvindicam a possibilidade de poderem continuar doando por conta própria.

Pelo jeito, se esquerdistas tiverem mesmo mais pontos de QI isso não tem feito deles pessoas mais preocupadas em ajudar os outros, e sim mais aptas a pensar em safadezas e enrolações retóricas pra dizerem que o são, forçarem outros, via impostos, a lhes dar dinheiro e posarem de bonzinhos. (Como já disse Rothbard, "É fácil ser notoriamente caridoso se outros são obrigados a pagar a conta"...)

E de brinde, aliás, uma boa demonstração de que inteligência não é a nossa salvação moral: inteligência é a capacidade de solucionar problemas conforme nossos interesses — e esses interesses continuam podendo ser bons ou maus.

Então da próxima vez que um esquerdista tentar uma cateirada de que é mais empático ou mais preocupado com os outros você já sabe: bote esse post na cara dele e não deixe-o enganar a platéia.



Pode gostar também de: Fogo amigo e como passar a mensagem certa politicamente

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Como a política pode (não) ajudar os pobres


Numa "República Democrática de Direito, fundada nos princípios da dignidade da pessoa humana e em tudo que há de bom, onde os interesses do povo são defendidos por seus representantes eleitos" *suspiros* não deveria ser difícil aprovar uma medida que ajuda os menos favorecidos, certo?

bom...



Nota: PIG é o "Partido da Imprensa Golpista", nome que o pessoal de esquerda dà à suposta conspiração da mídia contra o governo deles. "Tucano" refere-se ao PSDB.


Por que ela manteve os impostos antes e quer retirar agora?

A desculpa oficial foi que “A efetiva desoneração da cesta básica deve levar em conta tributos federais e também estaduais, assim como a geração de créditos tributários ao longo da cadeia produtiva.", ou seja, a isenção deveria ser de todos os impostos e não só de alguns. Perfeito. Uma posição digna de alguém que se preocupa com os pobres.

Pena que em vez de já tirar os impostos atuais e depois ainda tirar os demais, a presidente vetou a redução toda e estabeleceu a criação de um "grupo de trabalho para apresentar proposta de composição da cesta básica e sua respectiva desoneração". Pelo jeito esqueceram aquele discurso que sempre usam em relação às cotas, de que "o pobre não pode esperar". Pelo visto, no preço da comida eles podem esperar, sim.

Parece-me claro que é uma desculpa bem esfarrapada. Algo que pode ajudar a entender melhor o porquê do veto da presidente é que a primeira isenção foi introduzida por um Deputado do PSDB (Bruno Araújo): a concorrência. (Então realmente fica engraçado o militante petista perguntando se o PSDB "vai ser contra isso também" quando na verdade foi o próprio PSDB que introduziu a isenção que o PT vetou.) Agora, ao vetar o que já estava pronto e tomar a iniciativa de um projeto novo, o mérito fica sendo da Dilma, na disputa pra ver quem posa mais de defensor dos pobres.

O lado bom de ser iniciativa da Dilma é que não se corre o risco de ela vetar o projeto no final, pelo menos. O lado ruim é que o PSDB e outros partidos agora podem querer se opor ao projeto da presidente em troca, quem sabe, de uns carguinhos ou outras vantagens para se tornarem mais cooperativos. É a tal "governabilidade democrática".

Enquanto isso, os pobres podem continuar pagando caro por mais uns meses pra terem uma redução que "a Dilminha inventou" (é para "ainda esse ano", ela disse, fiquem tranquilos). E enquanto isso a gente ainda tem que ouvir os anticapitalistas dizendo que a culpa pelas dificuldades dos pobres é do capitalismo, e não do governo.

5 meses e contando...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Liberdade econômica é importante?



Para os dados acima, os países foram divididos em 4 grupos como relacionado abaixo, sendo o grupo vermelho os menos livres e os azuis os mais livres:


As estatísticas revelam 2 coisas interessantes: países no grupo com mais liberdade econômica possuem MAIS das coisas BOAS (renda dos 10% mais pobres, expectativa de vida...) e MENOS das coisas RUINS (trabalho infantil, corrupção, desemprego...).

Então, mesmo que você não se importe nem um pouco com crescimento econômico, há muitas evidências de que liberdade econômica dá às pessoas, mesmo as mais pobres, tanto a liberdade quanto o bem-estar para alcançarem mais qualidade de vida.

Mais sobre a queda americana:


Você pode conferir o rank da liberdade econômica da Heritage Foundation (e a posição do Brasil nele) aqui: