terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Rolezinho


É correta a atitude do Shopping JK Iguatemi, que conseguiu uma liminar para impedir a entrada de adolescentes desacompanhados no local, a fim de evitar o rolezinho marcado para ocorrer ali?

Há realmente um conflito entre o direito de propriedade e o direito de ir e vir, como afirmam algumas notícias?

O shopping montou um esquema pra evitar rolezinhos e a turma de esquerda quer fazer de conta que é um procedimento padrão para "barrar pobres" e criar um "apartheid brasileiro". Aí fica difícil, não é debate, é histeria.

Vamos começar do começo: O que é um shopping?
Shopping é um lugar privado, que é aberto ao público por interesse comercial. Vai ser duro de ouvir, mas shopping é feito só pra consumir. Eles vivem disso. Tem gente que vai só pra olhar vitrine sim, tem gente que vai só pra passear com as crianças, e o shopping não proibe a "olhadinha sem compromisso" dessas pessoas porque ela sempre pode acabar em... consumo. É preciso parar com o mimimi de "espaço público". Shopping não é praça, nem rua. É comércio. A admninstração do shopping e seus lojistas bancam os custos com limpeza, segurança e de todo aquele conforto a partir das vendas que fazem para as pessoas que compram lá.

E o que é rolezinho?
Rolezinho são eventos em que centenas ou mesmo milhares de jovens são convocados via facebook a usar o espaço de shoppings não para os fins normais, mas só como ponto de encontro pra um evento "baile funk" clandestinamente convocado pra ocorrer ali.

Shoppings não gostam de rolezinhos porque ninguém compra nada em um, eles atrapalham os lojistas a vender, atrapalham quem quer comprar a fazê-lo, obrigam o shopping a arcar com gastos em limpeza e segurança e não dão retorno algum. Simples assim e todos sabem muito bem disso. Os lojistas, que a esquerda nunca teve problema em tachar de gananciosos, reclamariam de um evento que levasse 6 mil pessoas aos seus shoppings pra consumir só porque "é gente diferenciada"? Claro que não. Seriam os vendedores repreendidos pelos gerentes por receber dinheiro de "gente pobre e preta"? Claro que não: jornais estariam noticiando alegremente que no governo Dilma as vendas cresceram x% e todos estariam comemorando.

Aliás, esses pobres e pretos (nem são, mas tudo bem) coitadinhos nunca foram impedidos de entrar no shopping individualmente para comprarem os "originais" de que tanto fazem questão. Mas foram barrados quando suspeitos de integrar o rolê.

Então eles estão sendo barrados por 1) classe e cor ou 2) pelo rolezinho?

A resposta é obviamente a segunda opção, mas tem gente que precisa fazer de conta que eles estão sendo barrados "porque são pretos" (mesmo que os vídeos mostrem que os participantes dos rolezins estão na mesma média de mistura da população) e "porque são pobres" (mesmo que pobres entrem em shoppings normalmente, havendo inclusive shoppings que lutam por esse público) — e não por causa dos eventos clandestinos.

Afinal, esta gente de bem precisa mostrar como é engajada na defesa de minorias contra a "classe média", da qual eles fazem parte mas precisam aliviar a culpa que sentem por isso, nem que esse alívio seja na base de ver guerra de classe, racismo e preconceito onde não tem — aí preconceituosos são os outros, essa gente elitista que insiste em querer fazer compras sem ser obrigada a se ver no meio de um baile funk.
Racismo!! Não, peraí...

E o "direito de ir e vir"? - 'Shopping não tem direito de vetar o ir e vir', diz especialista
Não há conflito entre o direito de ir e vir e o direito de propriedade porque a liberdade de locomoção simplesmente nunca significou liberdade para permanecer na propriedade de outra pessoa contra sua vontade, muito menos a liberdade de organizar eventos lá sem a anuência do dono.

Todo o conflito e a necessidade de "harmonização de direitos" é balela. A situação só parece conflituosa e complexa porque os doutores "especialistas", motivados por uma mentalidade anticapitalista e ressentida, simplesmente não querem aceitar que a administração e os lojistas do shopping não são obrigados a abrigar eventos organizados por terceiros em suas dependências.

"Rolezeiro não é bandido! Estar no shopping ou cantar funk não é crime!"
Verdade. Embora algumas pessoas, como é natural em qualquer aglomeração humana, tenham aproveitado o tumulto para cometer crimes, muitas pessoas de fato vão ao rolezinho apenas para curtir, como numa festa normal.  Isto, entretanto, não importa.

O shopping pode restringir a entrada mesmo de quem não é bandido. Não é crime sentar numa mesa de bar, mas o dono deve poder não permitir que eu chame meus amigos pra sentar lá e aproveitar o telão, o espaço, o ar-condicionado, as mesas e os banheiros dele enquanto não deixamos um centavo sequer para ele.

Proprietários têm todo o direito de evitar pessoas e eventos enquanto o transtorno causado por estes for maior do que o retorno (veja notícia abaixo, no update).

Tem 6 mil jovens chegando ao shopping NA DATA E HORA MARCADA PARA O ROLEZIM, vestidos a caráter, cantando funk mas calma lá pessoal, não podemos ser preconceituosos, vai que é uma coincidência e eles só vieram todos juntos fazer compras antecipadas para o Natal em janeiro?

Ao contrário de exclusão social e elitismo, a reação contrária ao rolezinho é apenas uma mensagem muito clara aos "novatos": o mundo todo não tem que se tornar um grande baile funk só porque você gosta disso. Shopping é lugar de compra; baile funk, como qualquer outro tipo de festa, é em casa de show.



UPDATE
Novos rolezinhos não representam movimento, diz organizador
Embora Bruno Felice ainda pense que é dever dos shoppings hospedar seus eventos, quando a jornalista tenta arrancar uma acusação de racismo ele é claro: "Não é preconceito (de classe ou de cor) por parte do shopping ou da polícia. Eu acho que esses grupos [de esquerda] estão se aproveitando da situação. Não tem essa de classe média e classe baixa. Esse pessoal não representa o rolezinho".

Rolezinho derruba movimento no Shopping Leblon
Uma estimativa dos prejuízos causados pelos rolezinhos. Para os anticapitalistas é motivo de comemoração; mas eles "esquecem" que os trabalhadores pagam suas contas com esse dinheiro.

Um comentário:

  1. ótimo texto, compartilho a mesma opinião. Shopping não é lugar de bagunça.

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