terça-feira, 16 de outubro de 2012

Pobres se dão bem; esquerdistas não gostam


Pessoas anticapitalistas estão sempre declarando que "estão do lado dos pobres" e, de fato, parecem ter tanto amor pelos menos favorecidos que querem que eles continuem na condição de pobreza pra sempre.

A Folha de São Paulo publicou hoje matéria intitulada "Empreiteira de luxo paga para morador deixar favela vizinha em SP", noticiando que a JHFS, a "empreiteira de luxo dona dos empreendimentos mais estrelados da zona sul de São Paulo, como Shopping Cidade Jardim, com suas luxuosas torres residenciais, além das três de escritórios, comercializadas a R$ 15 milhões o andar de 560 metros quadrados", está comprando "barracos que ficam a poucos metros das torres de escritórios", A matéria também faz questão de destacar que "os varais de roupas, as crianças andando de carrinho de rolimã e subindo nas árvores, os cachos de banana estão ao alcance da visão dos executivos".

O fato é que uma senhora ganhou 60 mil para deixar um imóvel que sequer era seu — e sim uma área pública ocupada ilegalmente (com o dinheiro recebido, pôde comprar um imóvel regularmente em outro bairro); outro indivíduo, cita a reportagem, está barganhando o valor que bem entende pela sua casa: relata, orgulhoso, que já vendeu o andar de cima de seu barraco por 12 mil e "só sai se ganhar mais 50 mil".

Ou seja, ambas as partes (moradores irregulares e a empresa) estão de comum acordo, e sem coerção estatal, fechando um negócio vantajoso para ambos. Algum problema?

Para a Folha, parece que sim.

Relata que, devido aos incêndios em favelas da cidade, há muita gente precisando de casa e indo ocupar o espaço das casas recém-compradas (e demolidas) pela JHFS. Preocupadíssimos, perguntam aos empresários o que farão para "impedir a reconstrução das casas derrubadas e a chegada de mais pobres ao terreno [sic]", nos deixando com a resposta "lacônica", segundo eles, de que os empresários malvados  — pasmem! — cometerão a audácia de cercar os terrenos que compraram legitimamente para impedir que "sejam invadidos por pobres".

Outra coisa que a Folha tenta sugerir é a "intenção mesquinha" por trás da ação. Para eles, os empresários estariam removendo os pobres dali simplesmente pra não terem que ver os já citados "varais de roupas, crianças andando de carrinho de rolimã e subindo nas árvores e cachos de banana que estão ao alcance da visão dos executivos". Este ponto é realmente interessante. Esquerdistas querem tanto, mas tanto, fazer de conta que estão do lado dos pobres que começam a romantizar a pobreza e declamar as maravilhas da precariedade — mesmo que os próprios pobres já tenham aberto mão disso, voluntariamente, para irem para uma situação melhor!

Para a Folha, decerto, o melhor seria que os empresários não cometessem o crime de oferecer dinheiro pelas casas dos pobres (ainda mais se fazem isso só porque não idolatram o modo precário de viver a vida...).

Enquanto isso, os pobres que aguardem alguma ação da prefeitura — que por sua vez respondeu que a favela "receberá recursos provenientes da Operação Urbana para tanto". Agora sim, gente bem intencionada! Mas que, pra variar, admitiu que "não há ainda uma definição de que tipo de ação está prevista para a área e seus moradores". E os empresários, depois de forçarem os pobres a aceitarem dinheiro em vez de continuarem esperando a boa vontade "sem definição de início" do governo, não teriam direito algum a não ser o de deixar os terrenos recém-adquiridos serem invadidos por outros.

A ação dos empresários é, sim, o capitalismo em sua essência pura fazendo um serviço, que muitos diriam ser do estado, só que sem onerar o contribuinte.

Mesmo a aquisição ou ocupação por particulares de áreas públicas sendo algo ilegal, ainda assim a ação dos empresários foi positiva: assumiram o lugar dos pobres numa eventual ação que o governo mova pra reaver a área (o que, aliás, seria uma estupidez, já que o governo não fez nada que prestasse com a área antes).

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